A história do pé perdido

Esta foi a história desta noite.

Era uma vez um pé.

Um pé dormente que acordou sózinho na praia.

Olhou em frente e viu o mar e, muita areia. E também, muitos outros pés!

O pé pôs-se em pé e começou a andar, ao pé coxinho é claro! Afinal, estava sózinho...

Até que encontrou um chinelo. Um daqueles de meter o dedo, em que o dedo grande fica dum lado e os outros todos do outro(?). Assim estava mais seguro. Não corria tanto o risco de se picar. (Aqui o Tiago perguntou-me - Onde?; Na planta do pé!; E o que é a planta do pé?; É aquele sítio onde tens cócegas :))

O dedo grande ficou todo satisfeito com este chinelo, pois estava farto de partilhar os sapatos com os outros dedos e precisava de um pouco de privacidade.

E o pé continuou a andar, mas agora com mais cautela, porque andar ao pé coxinho com chinelo de meter o dedo não é nada fácil!

Estava o pé já a desesperar, preocupado em como iria agora manter-se limpo sem a mãozinha do seu dono para o lavar, logo ele que odiava cheirar a xulé, quando de repende se viu de frente com um pé conhecido! Um pé branco e macio de unhas pintadas de vermelho e com os ossos um bocado tortos, talvez dos sapatos bicudos e dos saltos altos. Era um dos pés da esposa do seu dono!

O pé encheu-se de alegria! E perguntou ao pé das unhas vermelhas se vira o seu dono, pois já estava cansado de tanto o procurar. Então o pé das unhas vermelhas respondeu - já olhaste para o lado? - e foi nesse momento que o pé, pela primeira vez depois de ter acordado, olhou para o lado e viu um pé igualzinho a ele, mas com os dedos invertidos, como o reflexo do espelho. Então o pé resolveu olhar para cima e viu umas pernas cheias de pelos, uns calções às flores, um bocado da barriga e a ponta do nariz. E ficou satisfeito. Afinal o dono esteve sempre ali, ele é que estava tão preocupado em procurá-lo que só olhou em frente e esqueceu-se de olhar em volta para encontrá-lo no lugar onde ele sempre esteve!

Vitória, vitória, acabou-se a hisória!